Alta Tensão

Saboreio de todas as cores
Cada corte uma marca que fica
Cicatriz que se renova amanhã
Cordão que já não mais se desfaz

São símbolos que me fazem entender
Continuar é questão de detalhes
O repetir me disciplina a esquecer
O combinar o diferente me atrai

Inventar com o pouco que tem
Agradecer por tudo o que és
Ser visto talvez seja o mais fácil
O difícil é tentar se esconder

A cautela me avisa a pensar
O instinto me põe a sonhar
Preocupado?
Tenso demais pra explicar

Se não ganha o mistério que paira
Qual o sentido de ser imortal
Se já pensa novos feriados
Ontem mesmo é que foi carnaval

Velocidade te guia
Compreender, não dá tempo
Nenhum pensamento contrário
Pra no apego ou no afeto
A palavra bem dita
e me ater na perfeição de um sorriso

Por um instante
Pedi pra mim mesmo não mais escrever
E descobri como já não mais me escutei
E se no dom da conversa me deixei escapar
A ti confiei,
Lealdade é pra poucos

Já o que diz conhecer-me
Por certo, errado está
Com o “cap” de sombra o que sobram são traços
Risco em mente é o que pesa
Supera o todo
É a pausa do monstro
É o confronto com ele mesmo
Necessário ao estudo consagrado
E nunca me agrado com buxixos e tititis

O silêncio é escudo
Não a fuga
Ocupado em meus pesadelos
Hoje mesmo acordei sentido o brilho da manhã
E o olhar tá pro horizonte
Não se contenta em prisões ordinárias
Aproveite o que vive
Esse é o culto da fala
De vozes que nem sempre inventei

Do contato ao toque
Ne respeito e me afronto
Eu também sou carnal essa é a pauta do dia

É fogo que atento
E de louco me atiço
Extrema capacidade de me provocar
É o respingo da tinta
É o repique o baqui
Esse sou eu que no brek por sorte vai parar por aqui

— Marrom —